terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Educação para o sindicalismo brasileiro


Breves considerações acerca do 'Projeto de Educação da UGT'

Lúcio Eduardo Darelli

EDUCAÇÃO COMO FONTE GERADORA DE

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL


Breves considerações acerca do 'Projeto de Educação da UGT'

Por: Lúcio Eduardo Darelli, Msc (*)

FETEESC/SC


INTRODUÇÃO

Ao tecer as considerações seguintes, pautamo-nos por dois instrumentos documentais: O primeiro, é o documento da UGT, esboço de projeto de educação, que tem como escopo a educação como fonte geradora de desenvolvimento econômico e social. O segundo, é o conjunto de normas educacionais exaradas pelo Conselho Nacional de Educação, suas secretarias e câmaras, bem como, o conjunto de normas ministeriais além da LDB (lei de diretrizes e bases da educação nacional).

Cabe aqui salientar, que o documento da UGT é carente de informações complementares atualizadas no que tange aos dados nacionais. Muito embora, a maioria dos dados estatísticos gerais estejam dentro das projeções dos institutos mais confiáveis, a citar DIEESE, IBGE e UNESCO; são os dados complementares que oferecem uma perspectiva mais exata e parametrizada, a fim de que, se possa afirmar (ou não) com relativa precisão, sobre os fatos ou objetos observados. Também é importante salientar que a ausência da página três, que iria tratar dos indicadores do potencial de desenvolvimento de inovação dos países, neste conjunto inexiste, assim como a maioria dos quadros e tabelas.

Sendo assim, pouco será considerado a respeito dos dados do documento da UGT, restando apenas considerar da posição política institucional sobre educação expressa no presente.


DESENVOLVIMENTO SOCIAL X CRESCIMENTO ECONÔMICO

Classicamente, nos estudos de história, geografia humana, sociologia e direito, sempre houve uma grande diferença entre os conceitos de 'desenvolvimento social' e 'crescimento econômico'.

Resumindo autores clássicos e contemporâneos, dos campos de estudo já delineados acima, podemos dizer que todo potencial humano (seja individual ou coletivo, agregado ou desagregado das instituições formais) está inserido nos conceitos de desenvolvimento social. Não somente porque, como diria Sócrates “o homem é um ser social”, no sentido de precisar conviver com seu igual, mas também, porque não há sociedade (organizada e trabalhada como tal) sem homens.

Desta forma, quando nos referimos às necessidades de saneamento básico, de saúde, de educação, moradias etc..., estamos no campo do desenvolvimento social, equivale dizer, para ser mais contemporâneo, no campo do desenvolvimento humano sustentável.

Quando tratamos de números, estatísticas econométricas, valores, taxas, índices, renda per capita, produção e produto, PIB, mercado, etc... estamos no domínio dos conceitos do crescimento econômico.

Em que pese não haver crescimento econômico sem homens (trabalhando e produzindo riquezas), ao considerar dados estatísticos por um campo, exclui-se o outro. Por exemplo, uma determinada fábrica “A” que produz pedras lapidadas, em relação a outra fábrica “B” que também produz pedras lapidadas, pode apresentar índices de crescimento econômico muito maiores porque produz três vezes mais do que “B”. A fábrica “A” por certo terá maior mercado, pois tem a capacidade de atender maior consumo. “A” em relação a “B” aparecerá em 1º numa classificação de maiores produtores, obterá maior lucro porque terá um capital financeiro circulante maior.

Mas, se observarmos as condições de trabalho das pessoas que geram a riqueza da fabrica “A”, ela estará em último lugar, porque emprega menores de idade, obriga ao trabalho além jornada, não remunera condizentemente pela produção, opera descontos operacionais, escraviza a mão-de-obra até a exaustão.

Não é ficção, é uma realidade brasileira, nos campos e minas de exploração, principalmente de ouro e pedras preciosas.

Como tratar da economia dissociada do desenvolvimento social? Uma deveria ser reflexo da outra, mas infelizmente não tem sido assim, pelo menos desde que a economia como ciência foi inventada. Hoje no Brasil, vivemos o difícil dilema da distribuição de renda; os institutos divergem quanto ao número aproximado, mas em média são quase 145.000 pessoas que concentram o equivalente a 45% do PIB brasileiro.

No documento da UGT vemos claramente uma nova tendência, se não for apenas semântica, poderá ensejar um movimento mais importante do que o próprio sindicalismo, a união perfeita e sincronizada entre dois conceitos CRESCIMENTO ECONÔMICO e DESENVOLVIMENTO SOCIAL, que passam a ter um novo conceito: DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL. Há que se pensar nas bases epistemológicas desta inovação do ponto de vista acadêmico e científico para que possa ser sistematizado na práxis.

Neste sentido, talvez a UGT possa estar correta, política e institucionalmente. A base prima para mudanças seja de ordem institucional, conceitual, prática, ou de resultados, passa necessariamente pela educação. A sociedade do conhecimento, é a sociedade da transformação social, da transformação conceitual, de todas as transformações necessárias e possíveis para se atingir uma sociedade justa e perfeita. Não pode haver mudança nem participação sem conhecimento. Pensadores contemporâneos, como Pierre Levy1 sinalizam que a nova moeda que impulsiona a sociedade é o conhecimento em todos os níveis, formas e abstrações possíveis. A pouco tempo atrás nasceu uma febre cibernética chamada 'second life'2 ou vidas paralelas, numa tradução menos literal. A second Life, nada mais é do que uma experiência cibernética dos desejos humanos frustrados ou mal realizados. Nesse espaço virtual tudo é possível, tudo mesmo! Seu inventor, considerou a existência de uma sociedade em frenética transformação e adaptação. Tudo aquilo que a pessoa não pode ser na vida real, pode sê-lo na vida virtual. É uma segunda chance de experimentar novas experiências.

Empresas e instituições de ensino já utilizam este 'espaço' virtual como laboratório. A universidade de Harvard ofereceu pela primeira vez, no segundo semestre de 2006, um curso de especialização em direito na Harvard virtual, instalada na Second Life. Os alunos que se formaram receberam dois diplomas, um no mundo virtual, outro no mundo real.


O presente futuro das relações mundiais

Um filete de vidro (fibra ótica) mais fino do que um cabelo humano pode transmitir um filme inteiro numa fração de segundo. Um único chip de silício pode conter 50 milhões de transistores ou um bilhão de bits de informação, permitindo que sistemas de dados inteiros caibam em uma polegada quadrada.

Os computadores de bolso ou de pulso vêm com minúsculas telas que parecem janelinhas e exibem o equivalente a uma tela de 12 polegadas. As informações parecem estar flutuando no espaço.” (JAMES, 1998, p. 56)

Muito provavelmente a maioria de nós já se deparou com alguma das novidades tecnológicas que se apresentam a cada dia. No destaque acima, a antropóloga cultural, Jannifer James (1998) chama atenção para o inevitável, a mudança acelerada nas relações humanas em todos os níveis face às inovações tecnológicas.

Por certo, não há como negar que o ser humano, indivíduo político e social que é, busca nas estruturas em que convive adaptar-se constantemente. Uma das aptidões humanas, mais contundentes e histórica, é o consumo. Consome-se de tudo a todo tempo, e, não haveria economia de mercado se não houvesse o consumo.

A economia de mercado está mundializada, torna-se a cada dia mais global. As verdadeiras guerras são travadas nas trincheiras das bolsas de valores instaladas em vários países (os mais ricos pelo menos) e comandadas por generais banqueiros. A expansão se dá não mais pelo domínio de territórios, mas pelo domínio de créditos arregimentados em carteiras de cadastro de clientes.

Uma nova ordem está estabelecida, e, sob a égide do poder monetário (talvez o quarto poder) as tecnologias de comunicação e informação consolidam as relações humanas, tornam-se mais fortes e mais ‘necessárias’ a cada dia. Esta é, pelo menos, a sensação que se tem. Surge a sociedade da informação.

A ferramenta tecnológica de globalização, mais poderosa, que se tem notícia hoje é chamada de internet3, a rede mundial de computadores. Milhões de pessoas e empresas acessam a rede com os mais variados objetivos, que vão de pura curiosidade à pesquisa científica, ou, de prospecção e consultas à intenção de adquirir ou comprar, mas, no fim tudo é consumo!

Com efeito, estamos muito longe de ter cem por cento de acesso, o mundo civilizado conta hoje em média com menos de 15% de acessibilidade, se levarmos em conta que o mundo tem pouco mais de 6 bilhões de pessoas, estamos ainda engatinhando. Porém o grande índice de acessibilidade se dá justamente nos países mais ricos, é o que nos mostra o professor Sérgio Amadeu da Silveira, quando trata dos números da desigualdade, pois afirma que dentre os vinte e quatro países mais ricos, concentram juntos 15% da população do planeta, e têm disponível 71% das linhas de comunicação. Além disso, pouco mais de 40% de todo acesso da internet no mundo ocorre nos Estados Unidos.

Considerando as desigualdades, comenta o sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira (2003), sobre a miséria na era da informação em seu livro ‘exclusão digital’, não há como zerar a pobreza, mas há como se fazer uma gestão pública, que favoreça o acesso das camadas mais pobres às tecnologias de informação, e desta forma, oferecer um ‘ganho de conhecimento’ afim de que possam romper o ciclo de pobreza e usufruir também das benesses das tecnologias. Por esta perspectiva, o sociólogo comentando o economista e jornalista Gilson Schawartz, em seu livro ‘exclusão digital’ coloca:

A exclusão digital não é ficar sem computador ou telefone celular. É continuarmos incapazes de pensar, de criar e de organizar novas formas, mais justas e dinâmicas, de distribuição de riqueza simbólica e material.’ (SILVEIRA, 2001, p. 26)

Em pleno século 21 estamos na onda do e-Gov, organizações virtuais, educação a distância, trabalho compartilhado, diversão eletrônica (e muita), bibliotecas virtuais, etc.. e tudo é criado, tendo uma proposta fundamental que é, transformar a sociedade do trabalho numa sociedade do prazer. Em tese, estaria tudo muito bem, se o custo do prazer não fosse tão alto. O imposto que pagamos, antes de ser financeiro (e inevitavelmente também o é) vem a ser o moral.

Em nome de inúmeras modernizações, a título de desenvolvimento científico, sob a certeza do fim justificar-se aos meios, o homem recriou a sociedade dos ‘igualitários’. Uma tese que tem gerado mais de 1,5 bilhões de miseráveis absolutos no planeta Terra.

O grande problema de tudo isso, fica por conta da falta de perspectiva ética que impulsionou a sociedade aceitar determinados valores como certos (ou verdadeiros), constatação tardia e insofismável que nem tudo é como foi prometido!

prometido!

O mundo assistiu no passado não muito distante, em 11 de setembro de 2001, atônito e impotente, ao fato que se tornou, talvez, o maior e mais covarde atentado terrorista da história da humanidade. A demolição das torres gêmeas do Word Tread Center. Ruiu o baluarte da hegemonia política e econômica da maior potência do mundo, cuja alta tecnologia e sistemas de segurança e defesa, não têm comparativo na história das civilizações. Foram humilhados e vencidos pela teocracia fundamentalista do oriente médio sem um único “fiapo” de tecnologia. Apenas audácia, coragem, e fé.

Neste momento triste e inapagável da história universal, devemos fazer uma profunda e grave reflexão: Como pôde, paus e pedras contra alta tecnologia e certeza de invencibilidade? Como pôde, a simples crença ou fé, mover o espírito humano a cometer o descalabro que o mundo assistiu? Que força é essa, que nem mesmo os radares, os raios lazeres, os detectores, a inteligência estratégica, puderam descobrir antes do terror? Será que, se o homem pôde usar esse tremendo poder, (com base em verdades morais tão atrozes) capaz de produzir seus efeitos desejados, não poderia o mesmo homem utilizar deste princípio para promover a paz e a igualdade entre os homens?

Estas reflexões não serão mais possíveis, sem que recorramos aos princípios éticos históricos, para que não voltemos à barbárie. Barbárie essa, que de certa forma já vinha se estabelecendo em nossa sociedade, brasileira e mundial, expressado pela fome, pela miséria absoluta, pela desigualdade social, pela falta de perspectiva de futuro de nossos filhos, pelas vergonhas que vemos todos os dias e delas nos alienamos, pelo grito de justiça que sufocamos, e, pelo medo!

Atos como o que aconteceu nos EUA, nos causam um sentimento de impotência, não em relação às instituições, posto que não duram para sempre, mas em relação às nossas certezas de um mundo melhor. Este sentimento de perda ocorre, porque nos damos conta, de repente, que faltou cultivar o mais importante: a dignidade humana!

A dignidade humana, somente poderá ser preservada se todos buscarmos paradigmas éticos capazes de sustentar tal dignidade no tempo e no espaço, nos contextos culturais e étnicos, dentro dos ideais de humanidade justa e solidária. Esquecemos de ser justos e solidários, historicamente (e todo os demais contextos necessários a uma análise não emotiva) - e foi por isso, que ao ruir o WTC nos EUA, ruíram também as nossas verdades. Platão provavelmente diria, - ruiu porque era falso!

Assim como a filosofia evoluiu na história humana, a ética, seu ramo essencial, veio sofrendo as transformações de acordo com a visão do homem nos seus contextos cosmológico e social.

É muito provável, que a partir de 11 de setembro de 2001, novas concepções éticas sejam criadas (ou recriadas), e invadam não somente as organizações, mas fundamentalmente, o espírito humano redesenhado por sua própria história.


O CONHECIMENTO: A NOVA MOEDA

É nesta dimensão que fazemos a seguinte reflexão: Se o homem atingiu um estágio evolutivo mental capaz de gerar seus próprios problemas, é natural cogitar-se que ele próprio os possa solucionar. Com efeito, tal tem sido. E hoje, como nunca antes acontecera, o homem vem resgatando sua história, pois ao compreender os princípios que regem os conceitos evolucionistas da humanidade, passamos a compreender a sua trajetória empreendedora. A empresa, seja ela qual for, é a tradução inequívoca do espírito empreendedor do ser humano.

Neste ponto da evolução, em pleno século XXI, nos vemos diante de novos paradigmas, um novo tipo de valor, que até poderá ser traduzido em um novo tipo de “moeda” entre pessoas e empresas। É o CONHECIMENTO, a grande nova perspectiva que agrega valor imediato e que, paradoxalmente, não pode ser quantificado, apenas qualificado.

Juntamente com este paradigma do CONHECIMENTO, redescobrimos valores antigos reelaborados pela experiência humana, a Ética, por exemplo. Nela iremos encontrar as bases para a efetiva valoração do conhecimento. Atualmente, muitas empresas têm desenvolvido esforços neste sentido, pois as ações éticas funcionam como preventivos e respondem muito mais eficazmente do que as ações meramente punitivas.

As transformações são experiências vivenciadas por todo um grupo, e não impostas simplesmente. Tanto as instituições públicas como as organizações privadas, devem gradualmente buscar a redução das ações corretivas em favor do aumento das ações preventivas para que haja uma verdadeira transformação de valores e princípios, e não simplesmente, uma mudança de regras que pretenda uma mudança de comportamento. A administração ética, parece ser o próximo estágio da evolução humana. Nessa administração encontram-se todos os atos passíveis de administração, engloba não somente as empresas, mas, sobretudo a família, a escola e as instituições em geral.

Assim, é preciso muito mais do que cobrar de empresa, governos ou políticos, posturas éticas. É necessário antes de tudo, que cada cidadão brasileiro efetivamente APRENDA a exercer seus direitos, sua liberdade, e, assuma de público e conscientemente suas opções.


EDUCAÇÃO: e-Learning

A tônica maior está na educação, nisto os pensadores do UGT estão com a razão. O povo precisa ser educado a ‘conhecer’ seus direitos garantidos constitucionalmente. O ensino dos direitos constitucionais deve ser matéria obrigatória em todos os períodos de estudo do cidadão. Começa com a família, tem continuidade na escola, e se estende por toda a vida, sendo também gerador de informação e formação cidadã .

Talvez seja este, o grande compromisso ético do governo, empresas, instituições sindicais, etc..., criar programas de ensino que leve ao conhecimento de todos, os direitos e deveres do cidadão.

É simplesmente fantástico que o governo realmente esteja preocupado em disseminar a cultura de e-gov, e invista alguns milhões do orçamento da união para este fim. Mas, de nada resolverá, se o cidadão não estiver apto a absorver esta cultura tecnológica de forma crítica e consciente. Não adiantará de nada, se o objetivo dos esforços de governo (entendendo que sejam realmente éticos e a bem da sociedade) não contar com seu bem maior, que é o apoio do povo ao uso das informações. É preciso educar para a ética, é preciso educar para a consciência cidadã, é preciso educar para a liberdade. Para enfim, saber bem usufruir dos recursos tecnológicos que devem estar a serviço de todos.


AS OPÇÕES DE PARTICIPAÇÃO EFETIVA

Desta forma, complementando o conjunto de reflexões que se seguiram, podemos afirmar que em muito o movimento sindical poderia contribuir, se efetivamente assumisse o papel de co-participante na gestão do conhecimento. De forma particular, no entanto, a UGT pode romper com as inércias estratégicas, buscar qualificar mais seu corpo militante, cercar-se de especialistas e educadores que proponham uma educação de vanguarda, transformadora e cidadã, e, acima de tudo, ocupar os inúmeros espaços entre conselhos deliberativos em todas as esferas de governo.

A exemplo do Ministério da Educação, cujo Conselho Nacional de Educação é composto de membros de vários segmentos representativos da sociedade, também o são os demais conselhos nos vários níveis do sistema de ensino. Ocupar estes espaços deve ser prioridade estratégica.

Nas demais considerações, exaradas pelo documento da UGT, consoante às idéias, corporativas ou não, já encontram-se amplamente regulamentados por lei (a exemplo da LDB) e as inúmeras portarias e atos normativos da educação brasileira. Todas as propostas, ou esboço de proposta já estão contempladas. Algumas já testadas e desaprovadas pela experiência cotidiana, como foi o caso da educação integral, que sem sustentabilidade não pôde prosperar.

Talvez, no campo das idéias, se poderia propor um modelo hibrido de educação pública e privada, como na Coréia, Suíça ou Dinamarca. A parte pública teria responsabilidade pela mão-de-obra, pesquisa e desenvolvimento. A parte privada, teria responsabilidade pela infra-estrutura, laboratórios e logística. O governo implementaria as PPP (parcerias público privada), o que demandasse ensino, seria gratuito, o que demandasse pesquisa e desenvolvimento seria compartilhado com a iniciativa privada. Há que se pensar! Discutir, e propor alternativas com vistas às modernidades tecnológicas, de empregabilidade, de desenvolvimento socio-cultural. A economia (positiva em termos de crescimento econômico) será conseqüência direta de um povo bem educado, com oportunidades e extremamente criativo do ponto de vista da inovação. Manter em solo brasileiro nossos talentos e as mentes brilhantes, é o maior sinal de prosperidade de um povo. Tudo isso evidentemente, como se colocou acima, regado com muito comprometimento ético.


CONCLUSÕES

A medida que avançamos, nós civilização humana, em nossa epopéia pela construção de um mundo melhor, costumeiramente esbarramos em nossas falsas convicções. Muitas vezes, ficou registrado pela história o quão bestiais tornamo-nos e, quantas vezes rompemos a barreira da sensatez. Porém, também ficou registrado nossos passos a reconstruir as bases da sociedade, com novas perspectivas.

Houve momentos na história da evolução humana, que nos sentimos orgulhosos, pelos atos de coragem e reconhecimento de nossa fragilidade em conviver pacificamente, e, embora raras reflexões, o mundo pôde presenciar o nascimento de mentes notáveis, que com seus exemplos de vida e posturas éticas, fizeram da existência humana algo que valesse por acreditar. Assim foi com Sócrates, Platão, Aristóteles, Epicuro entre os clássicos da civilização humana antiga. Assim foi com Herbert de Souza (Betinho), nosso contemporâneo, que doou sua vida à causa da fome e da miséria (incompreensível sobre todos os aspectos), dizia ele: “- a fome é um crime ético” Pela falta de ética em nossas vidas, no campo público ou privado, quantos crimes ou atentados contra a humanidade já não se cometeu?

(...)contra a estupidez até os deuses lutam em vão” (Schiller)

O que devemos perceber, e conseqüentemente, jamais negligenciar, são as conquistas sociais que se farão, quer no âmbito restrito ao governo, quer no âmbito puramente social, incluindo-se as instituições de luta.

Empresas, pessoas, e governo deverão fazer deste novo paradigma ético, um novo homem social. Compor um novo conjunto de normas capaz de conviver na paz com as tecnologias emergentes, viver uma plenitude de felicidade, como diria Victor Hugo “- tornem os homens felizes, eles hão de ser melhores”, é buscar a convivência em um mundo melhor e não somente em um país melhor.

Será desta forma que a sociedade poderá garantir-se de qualquer ditadura cibernética, ou das investiduras político institucionalizantes dos burocratas do poder, que possam pretender usar a tecnologia da informação, apoderando-se dela, na tentativa de escravizar também a informação, e, por via de conseqüência, do conhecimento humano acumulado. Este último quer e precisa ser, acima de tudo - LIVRE.

Liberdade, é tudo que se quer, é tudo que se espera!

Em um mundo que anseia por esta virtude, haverá diferença no terror praticado de forma homeopática daquele praticado de forma radical? Somente o senso crítico pode encarar a verdade da história!

Ética pressupõe acima de tudo respeito. Respeito à dignidade humana, respeito às etnias, respeito às culturas, respeito às religiões, respeito a tudo que o outro possa considerar sagrado. A ética praticada em todos os níveis da sociedade, é o exercício que visa sublimar o

homem ao seu pressuposto de felicidade social. O rompimento deste exercício é o terror.

Homens e empresas, em todos os cantos do planeta parecem ter despertado para esta opção: - a ética promove a paz como um de seus paradigmas.

Se assim procedermos, talvez possamos atestar nestas páginas da história, que a moeda do mundo tornou-se o CONHECIMENTO, e que as negociações passam a valer agora pelas qualidades deste conhecimento. As diferenças serão somadas, não divididas, porque somos potencialmente bons, potencialmente pacíficos, potencialmente seres de luz, potencialmente inteligentes. Todos, enfim com direito à VIDA!

Se sou diferente de ti, longe de te lesar, te aumento”

( Antoine de Saint-Exupéry)


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. INTERNACIONAL ASSOCIATION OF COMMUNITY TELESERVICE CENTERS - “Newsletter on Community Teleservice

Center, Genebra, Abril/1990.

2. DARELLI, Lúcio Eduardo. Módulo de Aplicações jurídicas para Telecentro. Monografia apresentada na especialização em

informática jurídica. Universidade do Vale do Itajaí, Santa Catarina, julho de 1997.

3. BANCO DO BRASIL. A sede por ética. Programa de Profissionalização, Brasília, 1997.

4. BROWN, Marvin T. Ética nos negócios. São Paulo: Makron Books, 1993.

5. GARBER, Rogério. Inteligência competitiva no mercado. São Paulo: Editora Letras Expressões, 2000.

6. SROUR, Robert Henry. Ética empresarial sem moralismo. Revista de Administração, São Paulo, v. 29, n.3, pp. 3-22, julho/setembro

1994.

7. JAMES, Jennifer. Pensando o futuro. São Paulo: Futura, 1998.


(*) Lúcio Eduardo Darelli, é professor universitário, em Santa Catarina. Ministra as cadeiras de ética em informática, Legislação aplicada, Filosofia e Sociologia da informática. É formado em Pedagogia e Direito, é especialista em Informática Jurídica e Mestre em Engenharia de Produção e Sistemas na área de Mídia e Conhecimento. Atua como consultor na gerência de planejamento do IPET.

1Pierre Levy é autor de inúmeras obras que tratam da questão da sociedade da informação e da inclusão digital.

2Second Life, site americano de jogo interativo na internet que oferece a possibilidade de viver uma vida virtual em tempo real com muitas pessoas de qualquer ponto do planeta. Entrou em operação em 2005, nos

3 EUA.Internet designa a formação da rede mundial de computadores, é a justaposição do termo inglês International Network

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